Durante quase dois milênios, ele foi considerado umas das figuras mais odiadas e desprezíveis da história humana. Sinônimo de traição e covardia, o apóstolo Judas Iscariotes ganhou uma visão de “vilão sinistro da Bíblia” no imaginário popular. Agora, vários séculos depois, a história cristã pode ser reescrita e vista de uma outra maneira, numa perspectiva onde o traidor mais famoso, passa de vilão à herói.Manuscritos antigos, datados do século III ou IV d.c propõem uma nova visão da história até hoje contida no novo testamento e disseminada desde o formulamento “oficial” do cristianismo, ao longo do vários Concílios Ecuménicos ( Niceia, Éfeso, Constantinopla, Calcedônia, etc) que moldaram os dogmas, e visaram a sistematização, controle e solidificação do cristianismo como o qual conhecemos hoje, assim como sua oficialização.
Segundo o chamado “Evangelho de judas”, encontrado por volta de 1970 no Egito, a história sobre quem foi o verdadeiro Judas histórico, ganha novos contornos e um contraste dinâmico, que pode abalar a fé e as estruturas das colunas cristãs. As traduções das escrituras afirmam que Judas pode ter sido uma figura bastante importante para Jesus, sendo ele, o seguidor (discípulo) mais próximo. Talvez o único capaz de compreender a essência de seus ensinamentos. Em 31 páginas de papiro bastante destruídas pelo tempo e em um péssimo estado de conservação, o manuscrito destaca umas das histórias mais conhecidas da bíblia; a “traição” por parte Judas e consequentemente a morte de Cristo. Nessa versão não conhecida e considerada herética pelos primeiros líderes da Igreja ( esse seria um dos motivos que levaram esses documentos a serem banidos e proibidos) a profundidade da relação entre os dois personagens é extrema, chegando Jesus cristo a afirmar que, Judas será superior aos demais ” sacrificará o homem que me veste” e ajudará o espírito de cristo a liberta-se do corpo físico que o aprisiona. De maneira simplificada, o próprio Jesus permitiu a sua morte, e não foi traído. Ele mesmo pediu que Judas o entregasse aos soldados romanos, caracterizando assim, sua vontade de libertação. Dessa maneira, o Judas “mal visto” impresso na “versão final” da Bíblia, apenas seguiu à risca as ordens do seu mestre e cumpriu com seu dever. Agindo tranquilamente de acordo com a vontade de Jesus.
Obviamente que todas essas informações e nova versão para a história cristã bastante conhecida, abala profundamente as raízes dos ensinamentos religiosos que foi nos passados ao longo das gerações. Olhar de acordo com essa nova perspectiva é preciso, já que nada na história é estático ou imutável. O passado está à serviço do presente, precisamos questionar, problematizar e buscar compreender. Não só acreditar, mas o por que de acreditar? Afinal, a própria história nunca é absoluta, ela estará sempre sendo reescrita e revisada a medida que for buscada sua compreensão nas mais diversas fontes e olhares.
FONTE:
Resultados obtidos através de processos de pesquisas, restauração e decodificação realizados pela Fundação Mecenas, da Suíça e National Geographic Society.
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